O dólar americano é a moeda mais utilizada mundialmente, sendo considerada a principal moeda de reserva cambial dos principais países, chegando a ocupar cerca de 60% do cofre dos países desenvolvidos.
Isso se deu porque os Estados Unidos conseguiram se destacar economicamente no mundo, sendo a moeda americana a principal do planeta por conta do comércio internacional e também dos investimentos que são feitos por meio desta moeda.
Além disso, ela é a moeda que mais circula no mercado, sendo utilizada em órgãos internacionais, como o Banco Central e o Fundo Monetário Internacional (FMI) que utilizam o dólar como principal moeda para conceder empréstimos e doações.
Após a moeda americana ter iniciado a semana com uma queda de 0,66% nesta segunda-feira (14/11/2022), chegando a ser vendido por R$5,3806, o dólar voltou a aumentar após o feriado, abrindo nesta quinta-feira (17/11/2022) com alta de 1,53%, se comparado ao dia anterior, e sendo vendido a R$5,3806.
O motivo da alta do dólar se deve à cautela dos investidores com a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) da Transição, que foi anunciada pela equipe de transição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nesta quarta-feira, 16/11/2022.
A PEC prevê o pagamento do Bolsa Família no valor de R$600 a partir de janeiro. O texto também prevê excluir da regra do teto de gastos R$198 bilhões, como alternativa elaborada para tirar os gastos com o Auxílio Brasil (que voltará a se chamar bolsa família) do teto de gastos. Anteriormente, a proposta do atual presidente, Jair Bolsonaro, seria de R$405 a partir de janeiro.
Com a exclusão de gastos bilionários, a PEC permite que se cumpram as promessas feitas pelo presidente eleito, Luiz Inácio, como o aumento salarial acima da inflação.
Os R$ 198 bilhões tirados do teto se dividem da seguinte maneira:
- R$ 105 bilhões: correspondem ao Auxílio Brasil de R$ 405;
- R$ 70 bilhões: vão ser usados para que o valor do benefício chegue a R$ 600 e para bancar os R$ 150 a mais por crianças de 6 anos;
- R$ 23 bilhões: provenientes de eventual excesso de arrecadação.
A proposta influencia o mercado, o que explica o aumento do dólar. Veja mais a seguir.
Como a PEC influencia os Mercados
No cenário doméstico, os investidores se preocupam principalmente com o rumo fiscal do Brasil. Como a PEC tem o objetivo de liberar cerca de R$ 175 bilhões no orçamento de 2023 além do teto de gastos, para custear promessas de campanha de Lula, economistas acreditam que o furo do teto leva à desvalorização do real, afugenta investidores, leva o país ao endividamento e traz aumento na inflação.
Ademais, pode obrigar o Banco Central a manter as taxas de juros elevadas, o que desvaloriza os ativos brasileiros.
Mauro Morelli, estrategista da Davos, explica:
“Sempre que existir algo que fura o teto, que está fora da regra, cresce a probabilidade de termos uma relação entre dívida e PIB explosiva, o que preocupa quem está olhando para o Brasil do ponto de vista dos investimentos”.
O estrategista defende a regra de teto de gastos, pois mesmo que ela possa ser vista como “ruim”, ela serve como um tipo de controle.
Além disso, os investidores não se preocupam só com a PEC, mas também com quem será o novo ministro da Fazenda, o que ainda está incerto.