Autoridades econômicas da Casa Branca estão envolvidas há mais de uma semana em como administrar o corte dessas importações. O Departamento de Energia informou que nas últimas duas semanas de fevereiro as importações russas de petróleo caíram para zero quando as empresas americanas cortaram os laços com o país, implementando sua própria proibição.
Também está sendo discutida a possibilidade de permitir a Venezuela de vender seu petróleo no mercado internacional, o que ajudaria a substituir o combustível russo. Outra possibilidade é a flexibilização de sanções ao Irã.
Os Estados Unidos já haviam liberado barris de petróleo de suas reservas para diminuir o impacto da guerra e sanções no preço do produto e seu fornecimento para outros países. O presidente americano também destacou que fará o possível para minimizar o efeito negativo da medida desta terça-feira nos EUA.
Incentivando o investimento em energia sustentável, Biden disse querer “que ninguém precise se preocupar com o preço da energia limpa, para que líderes como Putin não usem o petróleo como forma de manipulação política”.
As importações da Rússia representam uma pequena fatia do universo energético dos EUA – cerca de 8% em 2021, dos quais apenas cerca de 3% era petróleo bruto.
Esses esforços ficaram mais intensos nos últimos dias, pois ficou quase certo que os EUA iriam impor uma proibição nesta semana.
A Rússia alertou que o preço do barril de petróleo pode subir para US$ 300 se o Ocidente sancionar este produto. Com a guerra, o valor deste produto ultrapassou US$ 100 pela primeira vez desde 2014.
Enquanto isso, a União Europeia planeja reduzir as importações de gás russo em dois terços neste ano, visando eliminar a dependência antes de 2030. Quanto ao petróleo, a medida ainda não é dada como certa no bloco europeu, visto que diversos países dependem mais do produto russo quando comparado aos Estados Unidos.
Comentando sobre o conflito na Ucrânia, Biden afirmou que os ucranianos são um exemplo para o mundo e que o país “jamais será uma vitória para Putin”.
“Eles inspiraram o mundo com sua bravura, seu patriotismo, sua determinação desafiadora de viver em liberdade. A guerra de Putin causou um enorme sofrimento e perda desnecessária de vidas de mulheres, crianças, todos na Ucrânia – tanto ucranianos quanto, devo acrescentar, russos”, finalizou.
Medida vai a votação no Congresso americano
A presidente da Câmara dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, disse que o banimento anunciado por Joe Biden mostra “a força e a determinação dos Estados Unidos em responsabilizar Putin por sua guerra premeditada e não provocada contra a Ucrânia”.
Em comunicado emitido nesta terça-feira (8), Pelosi informou que a medida será votada hoje e que o projeto de lei:
- Proibirá a importação de produtos petrolíferos e energéticos russos para os Estados Unidos;
- Tomará medidas para revisar o acesso da Rússia à Organização Mundial do Comércio e explorar como podemos diminuir ainda mais a Rússia na economia global;
- Reautorizará e fortalecerá a Lei de Responsabilidade Global de Direitos Humanos Magnitsky para que os Estados Unidos possam impor mais sanções à Rússia.
Ela finalizou afirmando esperar uma votação bipartidária forte e que os “Estados Unidos não precisam escolher entre defender nosso valores democráticos e nossos interesses econômicos”.
Entenda o conflito
Após meses de escalada militar e intemperança na fronteira com a Ucrânia, a Rússia atacou o país do Leste Europeu. No amanhecer desta quinta-feira (24), as forças russas começaram a bombardear diversas regiões do país – acompanhe a repercussão ao vivo na CNN.
Horas mais cedo, o presidente russo, Vladimir Putin, autorizou uma “operação militar especial” na região de Donbas (ao Leste da Ucrânia, onde estão as regiões separatistas de Luhansk e Donetsk, as quais ele reconheceu independência).
O que se viu a seguir, porém, foi um ataque a quase todo o território ucraniano, com explosões em várias cidades, incluindo a capital Kiev. De acordo com autoridades ucranianas, dezenas de mortes foram confirmadas nos exércitos dos dois países.
Em seu pronunciamento antes do ataque, Putin justificou a ação ao afirmar que a Rússia não poderia “tolerar ameaças da Ucrânia”. Putin recomendou aos soldados ucranianos que “larguem suas armas e voltem para casa”. O líder russo afirmou ainda que não aceitará nenhum tipo de interferência estrangeira.
A Rússia vem reforçando seu controle militar em torno da Ucrânia desde o ano passado, acumulando dezenas de milhares de tropas, equipamentos e artilharia nas portas do país. Nas últimas semanas, os esforços diplomáticos para acalmar as tensões não tiveram êxito.
A escalada no conflito de anos entre a Rússia e a Ucrânia desencadeou a maior crise de segurança no continente desde a Guerra Fria, levantando o espectro de um confronto perigoso entre as potências ocidentais e Moscou.
(*Com informações da Reuters e da CNN Internacional)