
O foco central do mercado ao longo do ano será a política fiscal, permanecendo como um fator significativo de incerteza em 2024.
Sua gestão foi caracterizada por uma relação cooperativa, porém tensa, entre o Executivo e o Congresso.
Em determinados casos, como na decisão que autorizou o pagamento de precatórios por meio de créditos extraordinários, fora das normas fiscais, a intervenção do Judiciário foi crucial.
No próximo ano, a discussão não se limita apenas à meta de eliminar o déficit público, mas também abordará a sustentabilidade do novo cenário fiscal.
O contexto envolve a crescente pressão por aumentos nos gastos durante o período eleitoral e a relutância do governo em apoiar reformas que busquem a redução das despesas.
Em teoria, as medidas seriam adequadas para eliminar o déficit neste ano. No entanto, ao apresentar as propostas, Haddad moderou as expectativas e explicou que esperava reduzir pela metade o resultado negativo previsto para o ano, estimado em até R$ 228,1 bilhões.
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Na sexta-feira (22), ele admitiu que esse objetivo não será alcançado, prevendo que as contas encerraram com um déficit em torno de R$ 130 bilhões.
As receitas também não apresentaram a reação esperada pelo governo devido, pelo menos, a dois fatores.
A expectativa era de obter R$ 50 bilhões neste ano com o retorno do voto de qualidade no Carf, mas a medida só foi votada pelo Senado em setembro, adiando a entrada desses recursos para 2024, com uma previsão de R$ 97,8 bilhões no próximo ano.
Em setembro, nos bastidores, Haddad compartilhava a expectativa de não ter que lidar com tantas dificuldades no segundo semestre.
Em sua equipe, havia um sentimento de inconformismo devido à redução de apenas um ponto percentual na taxa Selic pelo Banco Central até aquele momento, apesar do progresso na agenda legislativa.
Além disso, outras propostas renderam menos do que o esperado, como o programa Litígio Zero, que previa a entrada de R$ 20 bilhões com a regularização voluntária dos contribuintes.
Entretanto, dados preliminares indicam que apenas cerca de R$ 6 bilhões foram recolhidos.