
A Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul) comunicou nesta terça-feira (4/6) que enviou ao governo estadual uma nota técnica detalhando os possíveis impactos das importações de arroz recentemente anunciadas pelo governo federal sobre a arrecadação de ICMS no estado.
Segundo a Farsul, essas importações podem trazer consequências significativas para a economia estadual, caso venham a se concretizar.
O estudo da Farsul traçou três cenários distintos para avaliar os impactos dessas importações.
No primeiro cenário, os preços do arroz se mantêm na média atual, sem alterações significativas.
No segundo cenário, a entrada de arroz importado provoca uma redução nos preços, estabelecendo um ponto de equilíbrio entre o preço de mercado e o custo de produção por saca de 50 quilos, o que significa que os produtores venderiam o arroz sem obter nenhuma margem de lucro.
No terceiro cenário, a situação é ainda mais crítica, com uma margem de lucro negativa de 20%, implicando que os produtores venderiam o arroz a um preço inferior ao custo de produção.
De acordo com a análise da equipe econômica da Farsul, somente no primeiro cenário haveria um incremento na arrecadação de ICMS. No segundo cenário, se o preço pago ao produtor se mantiver em R$ 95 por saca de 50 quilos, a perda na arrecadação de ICMS dos municípios pode ser de aproximadamente R$ 251 milhões.
Já no terceiro cenário, com o preço da saca caindo para R$ 76, a perda de arrecadação de ICMS pode atingir R$ 442 milhões. A entidade destaca que “quanto maior a queda nos preços, menor será a arrecadação”.
A análise da Farsul conclui que, diante da devastação causada pelas enchentes recentes e da necessidade urgente de reconstrução no Estado do Rio Grande do Sul, as medidas do governo federal para tabelar o preço do arroz parecem “descabidas e imprudentes”.
A entidade argumenta que essas medidas poderiam agravar ainda mais a situação econômica dos produtores locais, já afetados pelos desastres naturais, e prejudicar a recuperação econômica do estado.