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Com Mercosul mais Aberto ao Mundo, Brasil Teria Oportunidade de Aumentar sua Participação na Corrente de Comércio Internacional

Bloco tem muito a ganhar com posicionamento menos avesso a parcerias internacionais, sem perder de vista o importante acordo com a União Europeia
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Originalmente publicado: Com Mercosul mais aberto ao mundo, Brasil teria oportunidade de aumentar sua participação na corrente de comércio internacional (fecomercio.com.br)

Com Mercosul mais aberto ao mundo, Brasil teria oportunidade de aumentar sua participação na corrente de comércio internacional

Abertura comercial é uma das principais bandeiras da FecomercioSP, que compreende e defende que o Mercosul precisa ser moderno, flexível e aberto ao mundo (Arte: TUTU)

Há anos, o Uruguai defende uma agenda de modernização do Mercosul via abertura para o comércio internacional e reforma da Tarifa Externa Comum (TEC). A nação propôs uma flexibilização das regras para permitir que os países membros negociem acordos de maneira independente e não mais em conjunto, diante da paralisia do bloco em se mostrar mais disposto a ter maior relevância no comércio global. O interesse se dá pela possibilidade de um Acordo de Livre Comércio (ALC) do Uruguai com a China, algo já em estágio avançado. Isso representaria um desmanche do Mercosul. 

A fragmentação do Mercosul e a necessidade de convencer o presidente uruguaio, Luis Lacalle Pou, a desistir do ALC, foram os extratos da conclusão da primeira missão ao exterior do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no fim de janeiro. 

A assinatura de um ALC entre Uruguai e China culminaria na saída do Uruguai do Mercosul, já que produtos chineses teriam entrada facilitada no país vizinho e poderiam circular para os demais países do bloco – com isso, a saída do Uruguai seria um duro golpe e enfraqueceria a integração entre as nações que o compõem. Embora o Uruguai não figure entre os principais parceiros comerciais do Brasil, é evidente que há uma integração econômica entre ambos e que a saída do Uruguai do Mercosul traria prejuízos a alguns setores, tal como o automobilístico, por exemplo, pela perda das vantagens tarifárias. 

Em pronunciamento, o presidente Lula disse concordar com a necessidade de modernização do Mercosul, mas que primeiro é necessário se reunir com os técnicos e ministros de sua equipe para avaliar e debater quais pontos precisam ser reformados. O presidente também afirmou que pode haver negociações com a China para um acordo de livre comércio, mas que deve ser feita em conjunto com os demais membros do bloco, e que antes disso, é necessário concluir o acordo com a União Europeia. O Presidente Lacalle Pou afirmou que o Uruguai seguirá avançando nas negociações com a China e que compartilhará as informações com o Brasil. 

O Mercosul é um dos blocos mais protecionistas do mundo e vem perdendo importância nos últimos anos, de modo que o pleito uruguaio é legítimo, pondera a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP). Para se ter uma ideia, a soma das exportações e importações do Brasil com o Mercosul representavam 17,6% do total da corrente de comércio brasileira em 1998. No ano passado, esse porcentual foi de apenas 6,6%. 

Diante da perda de dinamismo do bloco, o Uruguai vem cobrando uma maior integração e grau de abertura para o mundo. Sobre as negociações de um acordo de livre comércio com a China, esse movimento decorre do peso do país asiático na economia do Uruguai e do próprio Mercosul. A China é o principal destino das exportações do nosso país vizinho (cerca de 27%) e da origem de suas importações (19%). No caso do Mercosul, esses porcentuais são de aproximadamente 20% e 14%, respectivamente. 

O Uruguai busca o apoio brasileiro pela relevância econômica e demográfica do Brasil na América Latina e no próprio Mercosul, e por representar o seu segundo principal parceiro comercial, atrás da China. Do lado brasileiro, o Uruguai é o 28º principal destino das exportações e o 26º em origem das importações, com uma corrente de comércio que atingiu quase US$ 4 bilhões no ano passado. 

É importante destacar que a abertura comercial é uma das principais bandeiras da FecomercioSP, que compreende e defende que o Mercosul precisa ser “moderno, flexível e aberto ao mundo”, assim como enfatizou o presidente uruguaio. A experiência internacional mostra que a abertura comercial é o caminho para reduzir o “Custo Brasil”; aumentar a produtividade e a competitividade no País – beneficiando os consumidores e o setor produtivo –; gerar renda e emprego; aumentar a eficiência alocativa dos recursos; permitir acesso a recursos mais baratos e com maior conteúdo tecnológico; propiciar ganhos de escala; e alcançar um crescimento econômico sustentável a longo prazo. 

Na visão da Federação, a pandemia abriu uma nova janela de oportunidade para o Brasil, ao evidenciar o elevado grau de concentração da cadeia de produção no continente asiático, com setores em todo o mundo enfrentando desabastecimento de determinados itens. Assim, há um rearranjo da produção mundial em curso, com o surgimento de cadeias locais e regionais de valor, movimento que pode beneficiar o Brasil caso o País altere a sua estrutura tarifária e siga com a agenda de reformas estruturais e de melhoria do ambiente de negócios.  

Nesse sentido, os indicativos de que Brasil e a Argentina priorizarão a integração regional e as parcerias sul-sul não pode ocorrer em detrimento do avanço do multilateralismo brasileiro com vistas a essas novas oportunidades globais ou fazer com que o País perca a oportunidade de aumentar sua participação na corrente de comércio internacional por meio de medidas que aumentem sua produtividade e competitividade. 

Em relação às negociações de acordos comerciais pelo Mercosul, a Federação acredita que o acordo com a União Europeia deveria ser priorizado. As negociações já se arrastam há mais de 20 anos e o bloco europeu é um parceiro comercial relevante. Além disso, o Mercosul concluiu as negociações com Singapura, o primeiro parceiro no sudeste asiático, e iniciou as tratativas para um acordo de livre comércio com Vietnã e Indonésia. Este é um ótimo teste para que o bloco possa, posteriormente, negociar um acordo com a China.

Leia também: Consultoria na Importação: Por Que é Necessário para a Sua Empresa? (xpoents.com.br)

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Sobre Cícero Costa
Cícero Costa é advogado tributarista, professor de direito tributário, especialista em direito tributário pelo Instituto Brasileiro de Estudos Tributários, com MBA em negociação e tributação internacional e palestrante. Sua atuação prática em mais de 15 anos de experiência fizeram de Cícero um dos maiores especialistas em precatórios e importação em Alagoas.