Entre janeiro e setembro de 2024, Mato Grosso importou 4,51 milhões de toneladas de fertilizantes, uma redução de 4,8%, conforme dados da Secretaria de Comércio Exterior. O índice é superior à média nacional, que teve uma queda de 1,5%.
Um dos fatores que contribuíram para essa desaceleração na compra de fertilizantes foi o atraso no plantio da safra de soja 2024/25, um dos mais severos dos últimos anos devido à estiagem prolongada. Segundo Diego Bertuol, diretor administrativo da Aprosoja MT, os produtores rurais estão cautelosos diante das condições climáticas, oscilação nos preços de mercado e a ineficácia do Plano Safra.
“A realidade do produtor hoje é de baixo investimento, em parte porque o Plano Safra não está cumprindo seu papel. O produtor não consegue acessar o custeio prometido pelo Ministério da Agricultura e Pecuária, que seria o maior da história para compra de insumos e giro de operações. Além disso, os preços em queda da soja e do milho desestimulam maiores investimentos em fertilizantes, o que impacta diretamente na produção. Com o atraso das chuvas, é mais um alerta para que o produtor tenha cautela neste momento”, afirma Bertuol.
Apesar de um aumento de 17% na importação de fosfatados no Brasil, o volume total de fertilizantes reduziu em 387 mil toneladas. O preço elevado dos fertilizantes, impulsionado pela valorização do dólar no segundo semestre de 2024, também influenciou na queda. Outro fator relevante é a instabilidade política e econômica, que afeta tanto a comercialização de insumos quanto a disponibilidade de crédito rural. De acordo com o Banco Central, o uso de crédito rural para custeio caiu 35% no Brasil, enquanto em Mato Grosso a redução foi ainda maior, alcançando 46,5%.
O vice-presidente da Aprosoja MT, Luiz Pedro Bier, ressalta que a dificuldade de acesso ao crédito e os altos custos de produção são grandes desafios enfrentados pelos produtores. “A redução na importação de fertilizantes é apenas uma das muitas consequências que observamos no campo”, destaca Bier. Ele ainda alerta que a falta de chuvas está impactando diretamente a safra de milho, o que pode trazer mais incertezas para o setor.